quinta-feira, 17 de março de 2011

Entrevista em Psicologia Clinica

A Entrevista Psicológica  

A entrevista psicológica é um instrumento fundamental de trabalho para o psicólogo e outros profissionais como sociólogo, psiquiatra e assistente social e se diferencia das outras formas de entrevista devido a seus objetivos puramente psicológicos (investigação, diagnóstico, terapia, etc.)
Pode ser de dois tipos fundamentais: aberta e fechada. Na entrevista aberta há uma maior flexibilidade, pois o entrevistador conduz o curso das perguntas de acordo com a necessidade e o caso, em detrimento da entrevista fechada onde tanto a ordem quanto a maneira de formular as perguntas já estão previstas e não podem ser alteradas.
A escolha entre a forma mais livre e aberta ou a forma mais fechada e pré-estruruada de entrevista se dá principalmente por suas características peculiares, para quem pretende investigar mais ampla e profundamente a personalidade do entrevistado deve optar pela entrevista aberta, já quem pretende fazer uma comparação sistemática de dados deverá optar pela entrevista fechada.
Ao pensar na estrutura da entrevista deve-se levar em consideração o problema exposto, assim como é importante associar a perspectiva histórica e uma abordagem dinâmica. Dependendo da problemática e da estrutura da personalidade do paciente, certas áreas e certos conflitos deverão ser mais explorados do que outros, concentrando-se em determinados pontos da vida do paciente que sejam potencialmente capazes de fornecer explicações para a emergência e o desenvolvimento do transtorno atual (Cunha, 2000, pág 60)
Maior ou menor ênfase pode ser dado a cada tópico de uma entrevista estruturada ou a forma de seleção das informações significativas tem que estar de acordo com o objetivo do exame, tipo de paciente e sua idade, ou, ainda, com "as circunstancias da entrevista de avaliação" (Strauss, 1999, pág 574)
A entrevista aberta pode, ainda, ser configurada de acordo com as variáveis que dependem da personalidade do entrevistado.
A entrevista psicológica pode ainda ser classificada de acordo com o número de entrevistados (individual e grupal) e segundo o beneficiário, BLEGER divide da seguinte forma:
  • Em benefício do entrevistado (consulta psicológica ou psiquiátrica)
  • Em favor dos resultados ,(pesquisa - importam os resultados)
  • Em benefício de terceiros, (instituição)
Em cada tipo de entrevista supracitada deve-se levar em consideração as distintas variáveis que entrarão em ação, como no caso da entrevista para uma instituição, as respostas do entrevistado pode ser mais tendenciosa do que em uma pesquisa anónima, por exemplo.
A entrevista psicológica (em benefício do entrevistado) é a única das três que não precisa de uma atitude motivadora marcante por parte do entrevistador, pela existência de motivos individuais por parte do entrevistado que já são auto-motivantes, o que não ocorre nas outras duas formas.
Quanto aos objetivos da entrevista psicológica podemos observar variadas formas, como:
  • Anamnese: tem por objetivo reconstruir a história do sujeito;
  • Orientação: julgar suas aptidões para uma aprendizagem
  • Seleção: Sondar as aptidõea para um emprego
  • Arguição Oral: tem por objetivo sondar seus conhecimentos
  • Entrevista preliminar a uma psicoterapia: objetiva contribuir para o diagnóstico, para a indicação e para o tratamento de sujeitos que sofrem distúrbios psíquicos e/ou relacionais;
  • Aconselhamento Psicológico: Ajudar o sujeito a enfrentar uma dificuldade pontual na existência;
  • Formação: Levar os sujeitos a uma melhor comunicação com outrem.
A entrevista pode ser solicitada pelo interessado (entrevista clínica, aconselhamento), pelo psicólogo (enquete, sondagem de opinião, estudo de mercado, pesquisa cientifica) ou por um terceiro (medico, empregador, professor)
Para Bleger(1998) "[A Entrevista psicológica] consiste em uma relação humana na qual um dos integrantes deve procurar saber o que está acontecendo e deve atuar segundo esse conhecimento"
A realização dos objetivos possíveis da entrevista (investigação, diagnóstico, orientação, etc) depende desse saber. O técnico não só utiliza a entrevista para aplicar seus conhecimentos psicológicos no entrevistado, como também essa aplicação se produz precisamente através de seu próprio comportamento no decorrer da entrevista.
A regra básica para a Entrevista Psicológica consiste em obter dados completos sobre o comportamento total do indivíduo no decorrer da entrevista.
A teoria da entrevista foi enormemente influenciada pelos conhecimentos provenientes da psicanálise, gestalt, topologia e behaviorismo.
As principais contribuições das abordagens para a teoria da entrevista:
  • Psicanálise: contribuiu com a inserção do conhecimento acerca da dimensão inconsciente do comportamento, como nas resistências, repressões, introjeção, projeção, transferência e contra-transferência.
  • Gestalt: contribuiu com a compreesão da entrevista como um todo, onde o comportamento do entrevistador é uma das partes que deve ser levada em consideração.
  • Topologia: levou a delinear e reconhecer o campo psicológico e suas leis, assim como o enfo
  • Behaviorismo: contribuiu com seu enfoque na observação e estudo do comportamento.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Aspectos sobre o Contrato de Psicoterapia Infantil

O contrato é feito após a entrevista devolutiva do psicodiagnóstico e as recomendações terapêuticas consideradas importantes. Recomenda-se conversar com os pais para a entrevista a fim de saber como a criança está, se houveram intercorrências, se algo mudou na vida da criança e se os pais ainda estão interessados em iniciar o processo psicoterápico. Explicar o que é psicoterapia infantil: uma técnica que utiliza brinquedos, desenhos e estórias para ajudar a criança a compreender o que sente, seus medos, suas raivas, suas emoções, seu comportamento e inclusive suas fantasias. Deixar claro que de fato ela vai a psicoterapia para brincar e que este é o trabalho da criança. A criança é o paciente e seu horário de atendimento deve sempre ser respeitado. No caso dos pais precisarem conversar com o psicólogo devem requisitar um horário extra. O que é dito em sessão de atendimento também é sigiloso e cabe ao psicólogo comentar com os pais o que entende sobre a criança, mas não seu comportamento, ou verbalizações. No caso de crianças pequenas é importante que fique um adulto esperando do lado de fora, o que tranqüiliza a criança, e no caso das maiores é importante ter alguém no começo do processo e à medida que a criança se familiariza combina-se o que for melhor. O tempo da sessão é de 50 minutos e no caso de atraso não há reposição.
No caso de crianças que fizeram o psicodiagnóstico com outro profissional no primeiro contato com o paciente se apresentar e dizer que leu o que a outra psicóloga escreveu sobre ela e convidá-la a conversar sobre isso. Comentar que conversou com os responsáveis dela e que eles estão de acordo em iniciar um processo psicoterápico, perguntar o que ela (a criança) pensa sobre isso e se sabe o que é psicoterapia. Conversar sobre o número de sessões (é interessante utilizar um calendário), sobre o tempo, as faltas e os atrasos. Deixar claro que a sessão é um espaço que a criança pode usar como quiser (em alguns casos se a criança se tornar agressiva, explicar que ela é livre para fazer o que quiser desde que não se machuque, não machuque o psicólogo e não destrua a sala).
Apresentar a caixa lúdica, o cadeado e os materiais (estarão sobre a mesa antes que a criança entre). Dizer:
__ Trouxe estes materiais para você escolher o que deseja para ficar na sua caixa e você usar durante as sessões, o que você não pegar volta para mim, o que pegar, ficará dentro da caixa. A caixa também é sua durante os atendimentos e só você vai abri-la e fechá-la com este cadeado.
Esperar a criança escolher e recolher o material não selecionado e então dizer que ela pode fazer o que quiser.
Recomendações ao psicoterapeuta
É importante manter uma atitude acolhedora, mas não invasiva, mostrar-se interessado na criança sem forçar a comunicação. Fazer perguntas que lhe ocorram sobre o que está acontecendo e também comentar as próprias percepções. Quando convidado deve brincar com a criança e tentar entender o que ela está expressando e comunicar a ela. Manter a atenção sobre os próprios pensamentos e sentimentos, pois facilita a compreensão das emoções envolvidas na relação e os aspectos não verbalizados e inconscientes.
Sempre deixar claro a possibilidade de conversar sobre qualquer assunto e o desejo do psicoterapeuta de compreendê-la.
Ser verdadeiro consigo e com a criança, não representar um papel, ter claro a função do psicólogo: compreender o paciente em seus aspectos inconscientes e comunicar a ele. Quanto mais seguro se estiver, mais simples será o contato, porém mais profundo. Não se preocupar com o depois e sim com o momento do atendimento ajuda muito.
Profª Drª Maria Olinda Gottsfritz
Disponível em:
http://www.psicologiananet.com.br/psicoterapia-com-criancas-aspectos-sobre-o-contrato-de-psicoterapia-infantil/1900/